Refluxo pode ser resolvido com mudança de hábitos
O refluxo acontece quando o conteúdo do estômago, como alimentos, ácidos ou gases, voltam para o esôfago. “Esse retorno ocorre devido ao mau funcionamento do esfíncter esofágico inferior (EEI), um músculo que normalmente age como uma válvula, permitindo que o alimento passe para o estômago e impedindo que o ácido retorne para o esôfago”, explica Tatiana de Paula, professora da Faculdade Tiradentes (Fits) — localizado em Goiana.
Em recém-nascidos, o problema é muito comum, mas pode desaparecer com o tempo. Mesmo assim, é possível que adultos ainda apresentem o problema em alguns momentos do dia, principalmente entre após as refeições, sem que isso configure a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE).
Sintomas
Para realizar a digestão dos alimentos, o estômago produz ácidos, como o ácido clorídrico, mas que não ferem as paredes internas do órgão devido a uma proteção das paredes do estômago. O esôfago, por sua vez, não possui essa proteção. Por isso, em casos de refluxo, é comum que o indivíduo sinta queimação (que se origina na boca do estômago e pode ir até a garganta), azia e dor no peito. Outros sintomas incluem tosse crônica, vômitos intensos e até mesmo doenças pulmonares, como pneumonia. “Além disso, o refluxo gastroesofágico crônico pode levar a uma série de complicações, como esofagite, úlceras, estreitamento do esôfago, etc.”, acrescenta Tatiana.
Causas
A principal causa do refluxo são alterações no esfíncter que separa o esôfago do estômago, o qual passa a falhar em impedir a volta do conteúdo estomacal. Além disso, hérnia de hiato e fragilidade da musculatura da região também podem ocasionar refluxo. Dentre os fatores de risco, estão o sobrepeso, refeições muito volumosas antes de deitar e o aumento da pressão intra-abdominal. A alimentação também pode influenciar a condição. Alimentos com cafeína, comidas ácidas, gordurosas, além de bebidas alcoólicas e gaseificadas, assim como o cigarro, podem contribuir para o refluxo.
Tratamento
De acordo com Tatiana, o tratamento varia de acordo com a gravidade dos sintomas, mas pode incluir medicamentos que diminuem a produção de ácidos pelo estômago e também melhoram a motilidade do esôfago. Além disso, mudanças de hábitos podem ajudar, como perder peso, praticar atividades físicas, evitar deitar logo depois de uma refeição, evitar alimentos que provocam o refluxo, e também fracionar a dieta.
A professora chama atenção, no entanto, para a importância da manutenção dos hábitos para a eficácia do tratamento. “Embora o tratamento possa ser eficaz para controlar os sintomas e prevenir complicações, o refluxo pode retornar, especialmente se as mudanças no estilo de vida não forem mantidas ou se houver outros fatores desencadeantes”, afirma.
Em algumas situações, é necessária a realização de uma cirurgia, principalmente em casos de hérnia de hiato, ou quando o paciente não responde ao tratamento clínico, ou se for necessário confeccionar uma válvula antirrefluxo.