Campanha chama atenção para a importância da doação de medula óssea

Teve início no dia 14 de dezembro a Semana de Mobilização Nacional para a Doação de Medula Óssea, que vai até o dia 21. A campanha foi instituída em 2009, com o objetivo de trazer conscientização sobre o tema e promover as doações. A medula óssea é um tecido líquido-gelatinoso encontrado no interior dos ossos e responsável pela produção de células sanguíneas. A doação de medula óssea é indicada para o tratamento de cerca de 80 doenças diferentes, incluindo leucemias, linfomas e doenças autoimunes. Quanto maior o número de doadores, maiores as chances de encontrar um doador compatível.
Segundo dados do Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), o país conta com mais de 5,7 milhões de doadores, sendo o terceiro maior banco do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da Alemanha. Mesmo assim, o número de novos doadores cadastrados anualmente caiu entre 2019 (291.361 novos cadastros) e 2022 (111.136 novos cadastros). Em 2023, voltou a subir, com cerca de 126 mil cadastros. Até julho de 2024, foram registrados quase 72 mil novos doadores. Por isso, a campanha serve para reforçar a importância das doações de medula óssea.
O que é a medula óssea?
A medula óssea é encontrada no tecido esponjoso (parte interna) de alguns ossos, e tem uma consistência semelhante à de uma gelatina. Na medula, acontece a hematopoiese, o processo de produção das células sanguíneas (hemácias, leucócitos e plaquetas). As células-tronco hematopoiéticas, presentes em grande quantidade na medula, passam por um processo de diferenciação e maturação até se tornarem os vários tipos de células do sangue. Em algumas doenças, os pacientes podem ter problemas nesse processo, ou ter a qualidade de algum tipo de célula afetada, sendo necessária a doação.
Quem pode doar?
A compatibilidade entre doador e receptor é determinada por fatores genéticos. Por isso, em casos de necessidade da doação, parentes próximos, como irmãos de sangue, são os primeiros a ser verificados. Caso não haja compatibilidade, recorre-se ao Redome. Para ser doador de medula óssea, basta ter entre 18 e 35 anos, estar em bom estado de saúde e não ter doenças infecciosas no sangue ou no sistema imunológico e nem câncer. O indivíduo que quiser doar deve se cadastrar em algum hemocentro, e uma amostra do sangue é coletada para determinar as características genéticas.
A doação
A doação pode acontecer de duas formas: por punção ou por aférese. No primeiro caso, a medula é retirada do osso do quadril com uma agulha, em ambiente hospitalar e com anestesia. Depois, o doador fica internado por 24 horas e pode sentir dor no local da punção. O doador pode fazer uso de analgésico e retornar às suas atividades após sete dias. Já na doação por aférese, o doador toma um remédio por cinco dias para aumentar a produção de células-tronco no sangue. O sangue do doador é coletado pela máquina de aférese e passa por uma centrífuga, para separar as células-tronco. As células são coletadas e o restante do sangue volta para o corpo do doador. Podem ocorrer sintomas como náusea e hematomas, mas o doador pode voltar às atividades no dia seguinte. Nos dois casos, não há riscos para quem doar..
O paciente que vai receber a doação passa por um procedimento para destruir sua própria medula. Em seguida, recebe a medula como se fosse uma transfusão de sangue. A nova medula circula pela corrente sanguínea do paciente até se alojar na medula óssea. No período em que as células-tronco recebidas ainda não produziram células sanguíneas suficientes para suprir as necessidades do corpo do paciente, ele deve ficar em internamento. Por duas a três semanas, o recém-transplantado deve permanecer em isolamento no hospital, com cuidados com a alimentação, higiene pessoal e esforços físicos.