Após anos de tentativas, Giseli realiza sonho de cursar Medicina na Fits

Nascida na cidade de Barueri, em São Paulo, Giseli Araújo, de 42 anos, lutou mas conseguiu realizar o sonho de cursar Medicina, na Faculdade Tiradentes (Fits), localizada em Goiana. Filha de uma dona de casa e um motorista de ônibus, mudou-se para Recife aos 10 anos de idade e sempre estudou em escolas públicas. Mesmo motivada pelo desejo de servir e ajudar as pessoas, a família não teria condições de bancar cursos preparatórios para o vestibular, sem contar que a jovem ainda precisava trabalhar para ajudar no sustento da família. Foi após anos tentando e se aprimorando que Giseli conseguiu ser aprovada no curso dos sonhos.

Primeiras tentativas

Prestou vestibular pela primeira vez no ano 2000, quando concluía o curso técnico em Patologia Clínica e ajudava a mãe no comércio de roupas da família, além do estágio. Foi aprovada na primeira fase, mas não na segunda. “Em 2001, fui trabalhar em um Laboratório de Análises Clínicas durante o dia e à noite fazia um cursinho pré-vestibular, que pagava com salário do meu primeiro emprego. Na época do vestibular da UFPE, queria tentar medicina novamente, mas precisava trabalhar e não podia me dedicar inteiramente”, conta. Por isso, decidiu cursar Ciências Biológicas na UFRPE. “Sou bióloga com muito orgulho, viu!”, diz.

Após anos desafiadores e muita oração, Giseli chegou ao final dessa primeira graduação e logo entrou no mestrado em Botânica na UFRPE. “No mestrado, era muito mais difícil conciliar estudo e trabalho, pois era mais intenso e havia mais cobranças, o tempo parecia mais curto”, afirma. Ainda assim, a estudante se mantinha otimista. “Pelo menos nessa fase eu já tinha passado em concursos públicos e já era servidora pública, o que me aliviava um pouco. Mas nunca deixei de sonhar com a medicina”, completa.

Apesar de ter se apaixonado pela Botânica, não quis seguir para o doutorado, pois seu “primeiro e grande amor” era a Medicina. Com os anos, continuou trabalhando no serviço público (há 20 anos é servidora da prefeitura do Recife), mas também em laboratórios e fazendo outras especializações. “Tentei outras vezes vestibular para Medicina nesse período, estudando por conta própria com o tempo vago que conseguia. Não dava certo, porém nunca deixei de sonhar”, narra. Chegou a ser aprovada em Medicina Veterinária na UFRPE em 2017, mas trancou o curso ainda no começo.

Sonho realizado

Foi durante a pandemia que o jogo virou para Giseli. Nessa época, ela trabalhava em urgências públicas e, por isso, via muitas situações difíceis no dia a dia. Passou a refletir sobre a sua razão de viver, sobre sua fé e seus valores. “Estamos aqui de passagem, porém com um propósito”, concluiu. Então, ouviu falar sobre a inauguração da Fits. “Em um plantão noturno de um dia do mês de maio de 2021, me veio um pensamento de procurar o site daquela faculdade nova, e assim eu fiz e vi que era o último dia de inscrição”, conta. Por causa da pandemia, a seleção estava sendo feita com notas anteriores do Enem. Giseli, então, usou a nota da sua aprovação em Medicina Veterinária e se inscreveu.

“Poucos dias depois saiu o resultado, e, para minha surpresa, eu tinha passado. Mas deixei o medo e a dúvida mexerem comigo e não fiz a matrícula, porque eu achava que não teria condições de pagar o curso. Os dias foram passando e eu fiquei muito triste, porque enfim tinha alcançado a primeira parte do meu maior sonho, mas não tinha tido fé e atitude”. Mas, por sorte, haveria um segundo vestibular. “Então fui pra casa, e fiz um propósito com Deus, que iria me inscrever novamente, e se fosse da vontade Dele, eu passaria novamente. E assim fiz, e, quando saiu o resultado, passei novamente”, relata. Nos dois primeiros anos, teve ajuda do esposo e de familiares para pagar as mensalidades integrais.

Liga de Pediatria

Giseli também integra a Liga de Pediatria da Fits, como vice-presidente. A ideia da Liga surgiu dela e de outras amigas do curso, graças ao encanto pela Pediatria. “Então, no quarto período, começamos a planejá-la, a construí-la. Cada uma trabalhou e cooperou com algo, em alguma parte. As meninas conheciam outras colegas do período posterior ao nosso que também estavam bastante interessadas na Pediatria. Quando abriu o processo seletivo para ligas no final do primeiro semestre de 2023, submetemos nossa proposta, que foi aprovada com louvor”, afirma. Giseli tornou-se vice-presidente por indicação e consenso das colegas.

A Liga desenvolve diversas atividades, como participação em palestras. Uma delas foi uma oficina, promovida pelas próprias ligantes, sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), durante o 2º SEMPEX. “Além disso, boa parte das membras fundadoras desenvolvem um projeto de extensão de educação em saúde, sobre formas de prevenção de parasitoses nas crianças, intitulado de “InfestAção”. Nesse projeto, visitamos diversas escolas da rede municipal de Goiana e realizamos atividades lúdicas abordando os principais parasitos, medidas de higiene e formas de prevenção desses”, acrescenta.

Futuro

Para o futuro, Giseli demonstra vontade de seguir na área da Reumatologia. “Entrei na faculdade pensando muito em Reumatologia, mas a cada nova especialidade que vou conhecendo, eu fico interessada em aprender mais sobre a área. A reumatologia ainda é a minha opção principal, mas também cogitei Pediatria, Oncologia, Imunologia e mais recentemente, a Hematologia”, detalha. A estudante considera que a graduação é o período ideal para conhecer as especialidades e, por isso, diz que vai esperar para ter contato com outras para, finalmente, decidir.

FITS - Faculdade Tiradentes de Goiana

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